O ALÉM

Eu sou o além
Filho do inconsciente chamado coletivo
Meus domínios não crescem, pois sou muito temido
Sou um rei incompreendido
Apenas um rei, sem espaço e tempo definido
Vivo em muitos lugares ao mesmo tempo
Mas vivo também enclausurado pelo medo dos meus
De quando em quando mando flechas de luz à Terra
Mas os seres se acovardam
Pensam que vou feri-los
Apenas um Pai buscando iluminar seus filhos

Seus endurecidos mecanismos os afastam de mim
E eu que queria apenas reascender suas memórias
Um grande círculo eletrônico e escuro, impenetrável
Impede que me sintam como a face da verdade
Apenas aqueles com menor idade não temem a mim

Eu sou o Além, o temível e injustiçado Além
Um rei quase sem súditos e sem sucessores
Pois a humanidade acredita em rumores
Esquecem dos amores que lhes ofereci
Memórias curtas e satisfatórias
Fazem meus preciosos filhos fugirem de mim.